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Mulheres são menos remuneradas: mulheres recebem 19,4% a menos que homens no setor privado
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Segundo relatório do governo as mulheres recebem 19,4% a menos que homens. Exigência de divulgação dos dados consta na lei de igualdade salarial entre homens e mulheres, em vigor desde o ano passado. Entidades questionam regra na Justiça.
- Por Camilla Ribeiro
- 25/03/2024 21h15 - Atualizado há 8 meses
Segundo o 1º Relatório de Transparência Salarial divulgado nesta segunda-feira (25) pelos ministérios das Mulheres e do Trabalho e Emprego, as mulheres recebem 19,4% a menos do que os homens nas maiores empresas do país.
Ainda de acordo com o documento, a diferença de remuneração entre homens e mulheres que ocupam cargos de dirigentes e gerentes chega a 25,2%.
Esse levantamento foi realizado com 49.587 estabelecimentos do setor privado com 100 ou mais empregados, até março deste ano.
Segundo o governo, a maioria das empresas que enviaram os relatórios têm 10 anos ou mais de existência.
Juntas, elas somam quase 17,7 milhões de empregados.
-A cobrança para o envio de dados consta na lei de igualdade salarial entre homens e mulheres que foi sancionada em julho do ano passado.
- A regra determina que as empresas que descumprirem as regras de igualdade salarial terão que pagar multa equivalente a dez vezes o valor do salário da pessoa discriminada. O texto também estabelece tratamento igualitário em razão de raça e etnia.
Dados do relatório
-O salário médio para a contratação das mulheres negras (R$ 1.566,00) equivalente a 82% da média (R$ 1.901,00), enquanto o dos homens não negros era 19% superior à média.
-Enquanto a remuneração média da mulher negra é de R$ 3.040,89, equivalente a 68% da média, a dos homens não negros é de R$ 5.718,40 — 27,9% superior à média. As mulheres negras recebem 66,7% da remuneração das mulheres não negras.
-A remuneração média das mulheres (R$ 3.041,00) corresponde a 68% do valor médio (R$4.472,00), e o salário dos homens não negros era 27,9% maior que o valor médio.
-No Distrito Federal e no estado de São Paulo se encontram os maiores salários de contratação mediano (R$ 2.091,68 e R$ 2.012) e as maiores remunerações médias (R$$ 6.045,01 e R$ 4736,62, respectivamente).
-Entre as empresas que enviaram os relatórios, 32,6% têm políticas de incentivo à contratação de mulheres. O número é ainda menor quando se consideram grupos específicos de mulheres: negras (26,4%); mulheres com deficiência (23,3%); LBTQIAP+ (20,6%); mulheres chefes de família (22,4%); mulheres vítimas de violência (5,4%);
-Entre as empresas que responderam, 38,3% declararam que adotam políticas para promoção de mulheres a cargos de direção e gerência.
Quais são os critérios remuneratórios
Segundo o relatório de igualdade salarial, 51,6% das empresas têm planos de cargos e salários ou planos de carreira. Grande parte delas possuem critérios remuneratórios de:
-proatividade (81,6%)
-capacidade de trabalhar em equipe (78,4%);
-tempo de experiência (76,2%);
-cumprimento de metas de produção (60,9%);
-disponibilidade de pessoas em ocupações específicas (28%);
-horas extras (17,5%).
Diferença por estados
Dados do relatório apontam diferenças por unidades da federação.
-O Distrito Federal é a unidade da federação que apresenta menor desigualdade salarial entre homens e mulheres: elas recebem 8% a menos que eles. A remuneração média é de R$ 6.326,24.
-Sergipe e Piauí apresentaram pequenas diferenças salariais entre homens e mulheres, elas recebem 7,1% e 6,3% menos do que os homens, ambos os estados têm remuneração média menor: R$ 2.975,77 em Sergipe e R$ 2.845,85 no Piauí.
-São Paulo é o estado que apresenta um maior número de empresas participantes, um total de 16.536, e maior diversidade de situações. As mulheres recebem 19,1% a menos do que os homens, praticamente espelhando a desigualdade média nacional. A remuneração média é de R$ 5.387.